
O colunista critica as repetições utilizadas nos refrões do samba. "Se navegar foi preciso, preciso foi desbravar". Caro Murilo, repetições nem sempre denotam limitações dos compostiores, mas recursos de linguagem pra enfatizar algum aspecto. Na realidade, os autores fazem uma citação livre aos famosos versos de Fernando Pessoa (navegar é preciso, viver não é preciso), porém trazendo-os para a abordagem proposta pelo enredo. Assim, acreditamos que sua crítica seja extensiva ao poeta português...
Sobre as repetições no refrão principal, nosso carnavalesco Willian Tadeu fala com propriedade: "utiliza a repetição para não apenas 'reforçar' a idéia, mas criar todo um clima... algumas palavras, repetidas, ganham outro significado. É o caso de 'sonho', que ganha um significado mais 'carinhoso', de maior 'ternura' quando colocado em 'sonha que o sonho não tem fim'. Acho esse tipo de recurso fundamental para romper com a monotonia, com a previsibilidade e dar maior inventividade aos sambas-enredo".
Por fim, agradecemos ao Murilo pela análise do samba, por se expor, demonstrar suas opiniões e fundamentá-las. Concordamos com você no que diz respeito a segunda parte do samba! Assim como na primeira parte, buscamos apresentar um samba menos objetivo e mais poético, mais solene, mais nostálgico! E acreditamos que tenhamos conseguido na medida certa. Aproveito esta análise para chamar a atenção para um verso específico que talvez possa passar despercebido aos mais apressados:
"baiana, portuguesa, imortal"
O Brasil nasceu na Bahia, a Colibris é baiana, o samba é baiano, Carmen Miranda "tornou a baiana internacional"; nossa nação é portuguesa, com certeza, assim como português será o nosso carnaval ao som de "um fado com jeito de samba" (samba português?), nos passos da pequena notável, personificação de um Brasil português e de Portugal brasileiro.
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