Continuando a relembrar o ano de 2003, apresentamos agora o nosso enredo em homenagem a Clara Nunes.
“Eu sou uma cantora popular brasileira”, assim disse Clara Nunes, cantora para qual este enredo há de doar o seu trabalho e dedicação. Não há intuito em mostrar a vida pessoal de Clara, e sim suas canções, canções em que a Guerreira exaltou o amor, o regionalismo de um povo, a sua religiosidade, sua paixão, mais que isso, mostrou um Brasil mestiço, santuário da fé.
Sob a Claridade de uma Guerreira – Um Brasil Mestiço, Santuário de Fé
Sob a claridade de uma guerreira o Brasil foi aclamado!
Clara exaltou aspectos de um Brasil feliz, de raça, de garra, de luta!
Mostrou sua fé, entoou o canto dos orixás, interpretações que fizeram os deuses africanos ouriçar-se de tamanha emoção. Exaltou Ogum e Iansã, de quem era filha. Cantou as demonstrações de fé, do jongo a capoeira. Declamou em louvor a São Benetito, ah a Congada!
Clara fez da sua fé uma magia que hoje irradia a cada vez que escutamos seu pipilar.
Sim o seu pipilar, pois a voz de Clara era como um canto de um pássaro, e pipilando foi que Clara cantou as três raças, do índio guerreiro, do negro triste aos brancos inconfidentes.
E a Natureza? As matas, o sol, o vento e o mar. Como é lindo o mar! E para Clara, o mar serena. O mar para a Guerreira serenou e sempre há de serenar!
Clara, quando você passa meu coração leviano acha graça. Na linha do mar ele jamais há de entrar, pois meu amor é perfeito!
E o Nordeste? Eita lugar arretádo! Pegou a viola de penedo e foi para feira de mangaio. Fez festa, fez um forró daqueles que escuta-se, chora-se e dança-se.
Ê Baiana! Clara baiana, e como toda baiana gosta de samba, é bamba e rebola.
E a morena de Angola com seu gingado de chocalho na canela, será que ela mexe o chocalho ou o chocalho que mexe com ela?
E lá vem ela com sua sentinela, nunca vi coisa mais bela! De pastoras e pastores, salve ela! Salve o manto azul da Portela! E um ser de luz brilhava, era Clara abençoada, sorria feliz com a Águia engalanada.
Mas Clara fez de nossos contos, um conto de areia. Partiu além mar, partiu para nunca mais voltar, partiu para em nossos corações eternizar, a esperança, a profissão esperança, de um dia vê-la voltar!